Às vezes tenho vontade de ter o meu refúgio de novo
Minha casinha, a minha casinha
Por um ano, talvez, para a vida voltar para os eixos
Para ver os amigos, para ter aonde voltar.
Por vezes penso na casinha que eu morava em São Paulo
Que doido seria eu me esconder lá por um tempo?
Coloco um colchão no chão do quarto, uma arara pequena para roupas.
Uma mala grande no chão para guardar as coisas ou uma gavetinha pequena.
Na sala, um colchão de solteiro com pallets ou um sofá pequeno
Uma mesa móvel para apoiar o notebook e só. Sem televisão.
Uma caixinha de som, muitas plantas, quadros, mapas, artes
As minhas artes.
Um tapete gostoso com almofadas no chão.
Na cozinha uma mesa alta, uma geladeira, um fogão pequeno com forno
Uma rede na varanda. E meu tapetinho de yoga.
Mas seriam mais coisas, mais tralhas, contas fixas
Coisas para fazer antes do ir e vir.
Acho que vou continuar escolhendo um local mobiliado para ficar 3 meses e só
(Mas não seria a minha casinha)
Trabalhar bastante durante o dia.
Trabalhar nos meus projetos, na minha vida, nos meus sonhos.
Andar de bicicleta. Fazer yoga no parque.
Encontrar meus amigos de vez em quando.
Ir num barzinho, comer fora e voltar para casa para trabalhar nos meus projetos.
Criar.
Onde eu deveria estar agora? Que parte do mundo eu pertenço?
Eu vejo muitas pessoas com medo de voar. E acho que o meu maior medo é o de pousar.
Mesmo que casa seja aquilo que carregamos dentro do nosso coração, o vazio de não ter nosso cantinho com nossas memórias nos gera questionamentos ensurdecedores.